1. Sorrimos.

    quinta-feira, 2 de junho de 2016

    Você sorri.

    - Sua voz está melhor hoje. Acordou...descansada?
    - Sim...hoje teve manifestação. Muita mulher sendo linda, companheira e feminista junta.
    - Era hoje? Que legal! Por que você não me falou?
    - Esqueci, sei lá.
    - Ah, me conta da próxima vez?
    - Quer ir?
    - Acho que não. Afinal, sou homem e não entendo muito do assunto. Queria saber só pra poder te lembrar.
    - Pra me lembrar da manifestação?
    - Não não. Pra te lembrar que você não está sozinha.

    E eu sorrio.

  2. O cansaço (e o alívio) de ser quem somos!

    quarta-feira, 1 de junho de 2016

    “Be yourself; everyone else is already taken.”
    Oscar Wilde.

    Hoje eu acordei em um daqueles dias em que é difícil ser quem eu sou. Todo mundo sabe do que eu to falando: aqueles dias em que parece que ser quem somos é o maior fardo do mundo.
    Não me entenda mal, estava muito feliz. Tomei decisões importantes (e difíceis, diga-se de passagem) nesta semana, mas não tenho dúvidas de que foram certas.
    É só que em dias como este fico um pouco cansada. Cansada de achar que talvez eu seja um pouco expressiva demais. Ou defenda minhas idéias com muita empolgação. Cansada de ir dormir pensando que devia ter ficado um pouco mais calada naquela conversa durante o almoço. Cansada de ouvir sobre ativismo e luta mas ser a única a se colocar na linha de frente. Cansada de ser punida por isso.
    No meio deste cansaço e já deitada na cama, você me ligou. Depois de três frases, já sabia que era um dia daqueles. Eu nem queria explicar, pois ainda não sei exatamente como você lida com essas coisas e as chances de eu me sentir exagerando ou fazendo drama eram grandes. Você não aceitou (e obrigada por isso) e não sossegou enquanto eu não desabafei. Terminei de falar e você ficou em silêncio um tempo, pra depois dizer:
    - Lembra quando você citou uma frase que dizia algo sobre não se interessar por homens que se sentissem intimidados por você?
    - Aham, mas..
    - Talvez você deva aplicar isso a todo o resto. Talvez você não deva perder tempo com pessoas ou lugares que fazem você se sentir desse jeito.
    - É que cansa, sabe.
    - Eu sei, e talvez você tenha mesmo que dizer algumas coisas com mais calma, mas isso não pode ser motivo pra você ser menos... você. Isso vai te cansar mais ainda!
    E eu ri. De cansaço, de certeza e de alívio. É bom saber que mesmo nos meus momentos de cansaço ou desespero, ainda vai ter gente pronta pra me acolher.
    Hoje eu acordei sabendo que é realmente difícil ser quem sou e que talvez tenha que aprender a lidar com as coisas de forma mais mansa, sim. Mas também me lembrei que não tenho escolha. Só posso confiar que a paixão e a certeza que carrego comigo serão suficientes pra me dar paz no fim do dia.
    E se por algum motivo não forem, espero ter você do outro lado da linha.